Vejam um pouco de como foi a festa...
Link do You Tube para quem deseja baixa-lo:
(Capoeira Bantus - Mestre Nilson)
Hoje meus queridos amigos e amigas tive a honra de presenciar um fato histórico em nossa cidade sem precedentes. Primeiro foi o fato do Professor Doutor Antonio Galdino Grillo, o Professor Nino, ter completado 72 anos de idade. Até ai nada de tão anormal enfim as pessoas fazem aniversários todos os anos. O fato importante porem é mais profundo - reside no questão de ser o Professor Nino o pioneiro da capoeira em Jaú. Isso mesmo, o doutor em literatura, o lutador de Karate e judô, o estudioso de grego, o grande músico baterista (e sei lá mais quais aptidões que existem neste grande jauense), também trouxe para Jaú a Capoeira a cerca de 40 anos atrás ensinando esta arte a garotos no fundo do seu quintal. Hoje existem ao menos 6 academias de capoeira em Jaú.
Mestre Nino escolheu dentre tantos lugares para comemorar essa data histórica simbólica a academia do Mestre Nilson, a Capoeira Bantus localizada na Rua Humaitá, 1713. Confesso como professor de História - com muita vergonha - que não conhecia uma roda de capoeira e que nunca havia visto in loco tal manifestação que é muito mais que um simples esporte - é uma filosofia de vida. Emocionei-me e vendo aqueles gingados das crianças e jovens, dos adultos e senhores, procurei dentro de mim por um instante, esse ser branquelo descendente direto de europeus, algo de negro em mim, um gene talvez pois assim sentiria-me um brasileiro completo. Encontrei-o no meu avô materno. Senti então alivio e orgulho de ser brasileiro completo e de ter algo de "negro" em meu ser -esse povo tão sofrido mas batalhador, que através da capoeira uniu nossos povos. Hoje a capoeira é praticada em mais de 150 países e todos os professores, seja da Australia ou da Alemanha, obrigam seus alunos a cantarem suas ladainhas em português.
(Membros da Capoeira Bantus tocando seus instrumentos acompanhados do Mestre Nino)
Nesta festa que ocorrida hoje dia 10 de setembro de 2010 na cede da Capoeira Bantus quem ganhou o presente foram nós os participantes e platéia que fomos contemplados com lindas Histórias contadas pelo Professor Nino além das apresentações.
(Mestre Nino falando sobre a História da Capoeira no Brasil)
Agora repasso algumas palavras mencionadas pelo Mestre Nilson por razão desta ocasião:
"...importante falar que pouquíssimas cidades no mundo tem uma História semelhante a nossa pois observe que a
capoeira foi criada e praticada por escravos no Brasil até a aboliçao quando surge a primeira geraçao de não escravos, esses mestres da primeira geração ensinaram a próxima (2) que ja ésta incluida ai os professores do mestre Nino ( o Grande Mestre Suassuna) , que ensinou meu mestre (Mestre Betão) (3) , e olha eu aqui, falando com vocês.
Sou Mestre Nilson Capoeira Bantus , herdeiro direto do mestre Betão. Desses 40 anos participei sem sair até o momento por 28 anos."
(Ladeado pelo Mestre Nino membros da Capoeira Bantus posam orgulhos para a foto histórica)
(Eu e o Mestre Nino - a foto saiu borrada, mas é visível a nossa alegria)
(O tradicional "Parabéns" e as velas que insistiam em não apagar)
...e que elas nunca se apaguem Professor Nino, pois o senhor nos enche de orgulho.
Reportagem que o Comércio do Jahu publicou sobre o assunto no dia 11 de setembro de 2010
Há 40 anos, praticantes de capoeira enfrentavam preconceito
Considerada excepcional sistema de autodefesa e treinamento físico, que reúne características peculiares de luta, jogo e dança, a capoeira chegou a Jaú há 40 anos, pelas mãos e pés de Antonio Galdino Grillo, o Nino, 72 anos. Em agosto de 1970, montou uma academia no quintal de sua casa, na Rua 13 de Maio. Enfrentou preconceitos, persistiu, formou outros mestres e ensinou várias gerações de praticantes.
Nino aprendeu a jogar capoeira com os mestres Suassuna e Brasília, em São Paulo, na Academia Cordão de Ouro, a partir de 1967. Era baterista consagrado e havia tocado com Zimbo Trio, Dick Farney e até com um dos maiores trompetistas do jazz, Dizzy Gillespie, em 1961, na boate Farney’s, que ficava na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo.
Com o mestre Brasília, aprendeu o estilo da capoeira angola, o mais antigo, que tem como características o ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos, próximos ao solo, e muita malícia. O mestre Suassuna transmitiu-lhe os ensinamentos da capoeira regional, que mistura o estilo da angola com o jogo rápido de movimentos, golpes mais rápidos e secos. Quando montou sua academia em Jaú, era batizado e cordão azul.
“Fui formando a academia com os vizinhos, moradores próximos a minha casa”, lembra Nino. Com o tempo, o número de jogadores cresceu, a procura se intensificou, embora o preconceito se fizesse sempre presente. “Cheguei a levar alunos para apresentação em escolas de Mineiros do Tietê, nas quais contava a história da capoeira, que foi a primeira manifestação de liberdade nesse País”, comenta. “Em Jaú, nenhuma escola quis saber.”
Nino formou capoeiristas que se tornaram entusiastas como Acúrcio Nascimento, Malvina Nascimento - que consta ser a primeira mulher capoeirista do Brasil – e mestres, como Norberto B. de Melo, o Betão, já falecido. “Betão foi meu melhor aluno. Passei minha academia para ele em 1976 e passei a me dedicar à Língua Portuguesa, embora continuasse dando aulas de capoeira aos fins de semana.” Nino é professor doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto e ministra curso de redação há vários anos em Jaú.
O Município, com Nino, Betão, Nilson Rosa, Marcial Augusto Lopes, Caculé, Silvio e outros se tornou grande formador de jogadores e divulgador da prática capoeirista, que foi tombada como patrimônio histórico imaterial e incluída como modalidade brasileira nos Jogos Regionais e Abertos. Segundo Nino, a capoeira de Jaú foi 28 vezes campeã paulista e três vezes campeã brasileira. “Hoje o mestre Marcial preside a Federação Brasileira de Capoeira”, diz.
Origem
O professor Nino conta que a capoeira surgiu entre 1624 e 1625, na época em que o Brasil sofreu invasão pelos holandeses. No confronto, que reuniu portugueses, mestiços, índios e negros africanos de várias etnias contra os invasores, houve fuga de grande número de escravos, que se embrenharam nos capões de mato, as capoeiras. Perseguidos por capitães-do-mato, desarmados, em inferioridade numérica, os negros, que seriam da etnia Bantus, passaram a observar na natureza um pássaro conhecido por uru. “Trata-se de pássaro que briga gingando e só com os pés”, relata. “Incorporando os movimentos do pássaro as suas danças, criaram uma maneira de se defender dos perseguidores.”
Hoje, segundo Nino, há 8,5 milhões de praticantes da capoeira no mundo todo. “Há mais de 400 mestres de capoeira ensinando, em português, somente na Europa”, diz. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que a capoeira está presente em mais de 150 países e é a maior embaixadora da língua portuguesa no mundo. (JRAP)
Nino aprendeu a jogar capoeira com os mestres Suassuna e Brasília, em São Paulo, na Academia Cordão de Ouro, a partir de 1967. Era baterista consagrado e havia tocado com Zimbo Trio, Dick Farney e até com um dos maiores trompetistas do jazz, Dizzy Gillespie, em 1961, na boate Farney’s, que ficava na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo.
Com o mestre Brasília, aprendeu o estilo da capoeira angola, o mais antigo, que tem como características o ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos, próximos ao solo, e muita malícia. O mestre Suassuna transmitiu-lhe os ensinamentos da capoeira regional, que mistura o estilo da angola com o jogo rápido de movimentos, golpes mais rápidos e secos. Quando montou sua academia em Jaú, era batizado e cordão azul.
“Fui formando a academia com os vizinhos, moradores próximos a minha casa”, lembra Nino. Com o tempo, o número de jogadores cresceu, a procura se intensificou, embora o preconceito se fizesse sempre presente. “Cheguei a levar alunos para apresentação em escolas de Mineiros do Tietê, nas quais contava a história da capoeira, que foi a primeira manifestação de liberdade nesse País”, comenta. “Em Jaú, nenhuma escola quis saber.”
Nino formou capoeiristas que se tornaram entusiastas como Acúrcio Nascimento, Malvina Nascimento - que consta ser a primeira mulher capoeirista do Brasil – e mestres, como Norberto B. de Melo, o Betão, já falecido. “Betão foi meu melhor aluno. Passei minha academia para ele em 1976 e passei a me dedicar à Língua Portuguesa, embora continuasse dando aulas de capoeira aos fins de semana.” Nino é professor doutor em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto e ministra curso de redação há vários anos em Jaú.
O Município, com Nino, Betão, Nilson Rosa, Marcial Augusto Lopes, Caculé, Silvio e outros se tornou grande formador de jogadores e divulgador da prática capoeirista, que foi tombada como patrimônio histórico imaterial e incluída como modalidade brasileira nos Jogos Regionais e Abertos. Segundo Nino, a capoeira de Jaú foi 28 vezes campeã paulista e três vezes campeã brasileira. “Hoje o mestre Marcial preside a Federação Brasileira de Capoeira”, diz.
Origem
O professor Nino conta que a capoeira surgiu entre 1624 e 1625, na época em que o Brasil sofreu invasão pelos holandeses. No confronto, que reuniu portugueses, mestiços, índios e negros africanos de várias etnias contra os invasores, houve fuga de grande número de escravos, que se embrenharam nos capões de mato, as capoeiras. Perseguidos por capitães-do-mato, desarmados, em inferioridade numérica, os negros, que seriam da etnia Bantus, passaram a observar na natureza um pássaro conhecido por uru. “Trata-se de pássaro que briga gingando e só com os pés”, relata. “Incorporando os movimentos do pássaro as suas danças, criaram uma maneira de se defender dos perseguidores.”
Hoje, segundo Nino, há 8,5 milhões de praticantes da capoeira no mundo todo. “Há mais de 400 mestres de capoeira ensinando, em português, somente na Europa”, diz. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que a capoeira está presente em mais de 150 países e é a maior embaixadora da língua portuguesa no mundo. (JRAP)
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