A Arte Cemiterial em Jaú só foi possível pela riqueza do café. Jaú foi a maior embarcadora de café de São Paulo quando o estado era o maior produtor mundial da rubinácea. Impregnado do pensamento positivista de valorização dos feitos heroicos e patrióticos os monumentos foram construídos para admiração. Sua leitura permite interpretar a vida e a morte destas pessoas. Este cemitério foi o terceiro construído na cidade em outubro de 1894 dentro da concepção higienista. A arquitetura é eclética de predominância neo-gótica mas encontramos elementos em Art Decot e Art Noveau. Cheio de curiosidades, rica em fatos e personagens o estudo do cemitério jauense é uma rica aula de História e Arte. Atualmente somente quatro cidades paulistas fazem passeios turísticos em cemitérios: o da Consolação na capital paulista, o de Guarulhos, o de Piracicaba e o de Jaú. Passeios noturnos só ocorrem aqui no Brasil. Na América Latina, depois de Jaú, somente Chile e Colômbia fazem passeios noturnos.
Vista panorâmica da área antiga do cemitério de Jaú - 2011
Um típico "habitante" da necrópole jauense
Foto da cadela "Lalis", única foto de animal no cemitério.
Estátua "Saudade" - obra do famoso escultor ítalo-brasileiro Eugênio Prati...
...que adorna o túmulo de Vitor Cesarino.
Detalhe do túmulo dos Heróis Constitucionalistas de 1932. Traços do modernismo.
Estátua de Maria de Roque De Mingo - quatorze estátuas catalogadas no cemitério jauense.
Busto esculpido pelo artista jauense Agnelo Lourenzão
Túmulo mais antigo em pé no cemitério - reserva especial nº 6 ...
...de Dona Leonor de Almeida Prado, uma das pioneiras da família Almeida Prado que aqui chegaram em 1858. Faleceu em 1895. Foi casada com Francisco de Assis Bueno
Orozimbo Loureiro, importante político local, os ramos de café em sua sepultura demonstram o status.
O famoso túmulo da "noiva" - estátua em mármore carrara pertencente a família Toledo de Arruda também chama-se "Saudade" e foi encomendada na Europa. Pedidos de casamento são feitos neste túmulo.
São Miguel da Virgem Dolorosa e a famosa "Caveirinha", que segundo a crença local atende os pedidos daqueles que enfiam os dois dedos nas cavidades oculares da caveira.
Coluna quebrada simboliza a morte de um jovem...
...neste caso o do jovem João Cantarelli Netto, falecido em 25-12-1918 vitimado pela gripe espanhola.
Outra curiosidade no cemitério são estas duas estátuas de costas uma para a outra. Um anjo masculino e outro feminino que abrigam a mesma pessoa...
...Annita Toledo esta neste túmulo...
...e seu nome consta neste outro também.
"Per Crucem ad Lucem" - Pela Cruz se chega a Luz. A utilização do latim era comum no início do século passado no ornamentos mortuários.
O túmulo acima pertence ao casal Alvaro Carlos de Arruda Botelho e Maria de Andrade Egas Botelho.
Única lápide escrita em inglês no cemitério de Jaú, pertence a Robert Curwen Brooke, falecido em 1921 Pesquisando sobre quem foi este inglês, no obituário encontramos: nome - Roberto Brooke (era comum aportuguesar o nome dos estrangeiros); profissão - "empregado" (hum, não ajudou muito); nacionalidade - "Ingraterra" (o único inglês morto em nosso cemitério é um "ingres") e por fim; motivo do óbito - "firmento por arma de fogo". Em 1921 menos de 50% da população sabia ler e escrever. Neste caso o letrado que trabalhava no cemitério escreveu como ele falava, ou seja em bom "caipires" eta.
Túmulo do primeiro jauense a se formar em medicina, Dr. Antonio Pereira do Amaral Carvalho. Hoje o Hospital Amaral Carvalho é reverencia internacional em tratamento do câncer. As corujas simbolizam a ciência e a sabedoria.
Epitáfio no túmulo do quarto prefeito de Jaú, Dr. João Costa, em português arcaico.
Túmulo do herói nacional, Comandante João Ribeiro de Barros...
...pois o Comandante João Ribeiro de Barros foi o primeiro americano a atravessar o Atlântico num voo sem escalas em 28 de abril de 1927.
Agradecimentos a Primo Carbonari do Amplavisão.
Foto mortuária no túmulo de Regina Iolanda Perlati - costume da época - única foto deste gênero na necrópole jauense.
Túmulo do Dr. Julio Speranza, primeiro médico a erradicar-se em Jaú em fins do século XIX...
... e provavelmente o primeiro italiano em Jaú.
Capela do Criolando...
...ou Coriolando Rodrigues. Criolando como era mais conhecido tinha a premonição de saber quando uma pessoa acabava de falecer na cidade. Era portador de leve deficiência mental, figura dócil, andava com seu cavalo de pau por toda a cidade até ser avisado por um anjo que segundo seu próprio relato indicava a residência do recém falecido. Levava flores para a família.
Vídeo sobre a História do Criolando
5 comentários:
Júlio, antes de mais nada vamos dando os parabéns pelo blog, tá cada vez mais bonito e interessante,e aproveitando, na foto da famosa noiva, da família Toledo Arruda, saiu um "de" no meio dos nomes ali, fica a dica pra corrigir.
aproveitando mais uma vez, que diz a lenda que o santo é de mármore( guenta mais que o de barro...)pediria que colocasse um link pra semeia, semeiajahu.blogspot.com, ficaríamos todos muito honrados e felizes. Um abraço, Maurício e equipe da Semeia Jahu.
Obrigado Maurício, é uma honra coloca-os nos links pois admiro muito o trabalho da Semeia. Parabéns a você e a equipe...
Obrigada pela disposição de nos ajudar nesse projeto.
Boa tarde Júlio!
Que maravilha de matéria! Através dela dá para saber muito sobre a história de Jaú.
Você cita que este cemitério é o terceiro da cidade, qual seriam os dois primeiros?
Gostaria de saber mais sobre eles.
Obrigada pelo excelente trabalho.
Abraço.
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