quarta-feira, 28 de julho de 2010

Eugenio Prati e sua escultura no Cemitério Municipal de Jaú "Ana Rosa de Paula"



Se você já visitou o Cemitério de Jaú possivelmente já viu esta linda estátua na sepultura da Famíla de Vitor Cesarino. Acontece que a escultura da foto acima esta no Cemitério da Consolação na capital paulista...

...esta é a escultura da Família de Vitor Cesarino que se encontra em nosso cemitério na Quadra F, Rua F, nº3.
Ambas foram esculpidas pelo renomado artista Eugenio Prati. Esta é a minha mais recente descoberta (24/07/2010) entre as pesquisas que faço no Cemitério Municipal "Ana Rosa de Paula". Tenho certeza que novas e emocionantes descobertas ainda nos aguardam neste imenso museu ao céu aberto. A importância desta descoberta reafirma a qualidade do acervo que temos de arte cemiterial e a possíbilidade de explora-lo turisticamente.



Eugenio Prati (Verona, Italia, 1889 + São Paulo, Brasil, 1979)

Escultor, pintor e desenhista. Estudou na academia de Belas-Artes de Verona. Participou de Bienais de Veneza. Expôs em Turim, Roma, Polônia, Florença e Milão. Vencedor de diversos concursos na Itália, onde executou numerosas esculturas expostas em praça públicas.

O que caracteriza sua obra são os temas religiosos simbólicos; "Descida da cruz", "Jesus Cristo", "Pietá", "Calvário". Modelou um grande número de esculturas nas necrópoles paulistanas, principalmente no Cemitério São Paulo, nos jazigos de combatentes do Movimento Constitucionalista de 1932. Executou , ainda trabalhos inspirados na arte egípcia e esculturas de encantadoras meninas com vestidos usados nas décadas de 20 e 30 do século passado. Assinava PRATI e E. PRATI.


Fonte:

http://portal.prefeitura.sp.gov.br/empresas_autarquias/servico_funerario/arte_tumular/0014

sábado, 26 de junho de 2010

Cemitério Municipal de Jaú - patrimônio cultural ameaçado

Publicada pela primeira vez em 29 de março de 2009. O Patrimônio Histórico de Jaú ainda ameaçado pela falta de vagas para enterros recentes.

Um descaso com a memória coletiva de Jaú.
Imagens gravadas em 26 de junho de 2010, antes do jogo Brasil x Portugal pela Copa do Mundo

Este túmulo destruído...

...era assim antes.





Por detrás da aparência triste dos cemitérios, principalmente os mais antigos, escondem-se verdadeiras galerias de arte ao céu aberto. Em países como a França e Argentina alguns cemitérios são pontos turísticos que atraem viajantes do mundo inteiro, como por exemplo, os Cemitérios de Père Lachaise (Paris) e da Recoleta (Buenos Aires). Recentemente a cidade de São Paulo criou a possibilidade de visitas monitoradas para o Cemitério da Consolação.

Na arquitetura tumular representam-se os hábitos das famílias que tratam de suas capelas e túmulos como se fossem prolongamentos de suas próprias casas, levando para os jazigos os mesmos arranjos decorativos que o seu nível cultural e social lhes permite refletir.
O ideal de vida da elite brasileira neste contexto histórico era a imitação dos hábitos europeus da arquitetura, moda, festas, convenções e também dos sepultamentos e ornamento dos túmulos. Acreditava-se que esse pensamento conferia à sociedade jauense o ar cosmopolita, moderno e intelectual esmeradamente almejado. Os cemitérios, também possuem uma simbologia toda própria que é de conformidade com o contexto histórico da época.

Em Jaú, dona de um dos poucos acervos de arte cemiterial do Estado de São Paulo, a preocupação com o patrimônio cultural segue o ritmo destrutivo em que parou a administração anterior quando a questão é o Cemitério Municipal.



Visitando a parte mais antiga neste último sábado, constatei que foram destruídos alguns túmulos antigos e que outros tantos foram marcados com um "x", aguardavam o mesmo fim. Nestes túmulos marcados encontram-se sepultados imigrantes italianos e espanhóis, e também pessoas pertencentes a importantes famílias jauenses do passado.




O que estão esperando para construir um novo cemitério?

Do Jornal da Cidade - Bauru em 07/11/2008
Cemitério de Jaú vai ganhar mais espaço

Com capacidade esgotada, prefeitura muda IML e retoma antigos túmulos de famílias que não têm mais descendentes

Rita de Cássia Cornélio

O único cemitério municipal de Jaú (47 quilômetros de Bauru) vai ganhar mais espaço com a mudança do IML (Instituto Médico Legal) e com a retomada de alguns jazigos de famílias que não têm mais descendentes. O cemitério Ana Rosa de Paula está com sua capacidade esgotada desde 2003, ano em que foi adotada a venda consignada. Só se vende um túmulo quando há o defunto. A compra sem o morto, não é aceita. Essa estratégia visa conter as vendas antecipadas de jazigo e manter o atual cemitério até que um novo seja construído. A prefeitura ainda não tem previsão de construção. Segundo o diretor do departamento de Fiscalização e Postura da Prefeitura de Jaú, João Fernandes Coelho da Silva a retirada do IML do terreno do cemitério somada a retomada dos jazigos vão permitir que o cemitério continue ainda recebendo sepultamentos em mais dois anos e meio, se a média de mortes continuar no mesmo ritmo. “Por ano morrem 850 jauenses. Cerca de 80% deles já têm jazigos no cemitério. Aproximadamente 20% da população ainda carecem do espaço para a sepultura. São moradores que chegaram para trabalhar na lavoura de cana, especialmente os mineiros e nortistas. Essa população não se enquadra na faixa etária que mais morre; na maioria são jovens.” A ocupação de ruas antigas proporcionou a abertura de 98 novas vagas que, somadas as que serão abertas no espaço ocupado pelo IML, chegarão a 150. “Hoje temos cerca de 10 mil túmulos, entre simples, capela e jazigos.” Coelho disse que a retomada de túmulos de famílias que não têm mais descendentes no município foi uma decisão da prefeitura. “Foi publicado um decreto determinando um prazo para que essas famílias se manifestassem. Venceu o prazo e ninguém se manifestou. São túmulos de mais de 100 anos”, disse.

Ação pede construção

Em julho deste ano, o Ministério Público do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo entrou na Justiça com ação civil pública para garantir os direitos da população na compra de jazigo no cemitério de Jaú. Embasados em leis federais e estaduais, os promotores de Justiça Jorge Marques de Oliveira e Celso Élio Vannuzini pedem na Justiça prazo de 10 meses para a prefeitura construir um novo cemitério. Caso a nova necrópole não esteja construída nesse prazo, o MP pede uma multa mensal correspondente a R$ 50 mil. Segundo o promotor de Justiça Celso Élio Vannuzini, a ação foi contestada pela prefeitura e deve ser julgada nos próximos dias.




Passeios sobre Arte Cemiterial em Jaú





Em junho começamos as visitas monitoradas ao Cemitério municipal de Jaú, Ana Paula de Rosa. Tem sido muito receptivo o público destes passeio que em média tem-se composto por 6 a 7 pessoas.
Postarei aqui algumas fotos tiradas por Pedro Ormeleze Neto, deste primeiro passeio realizado no dia 05 de junho de 2010.
Lembramos que os passeios continuam até agosto e todos os sábados temos turma as 14:00 h. Neste caso não precisa agendamento na Secretaria de Cultura, basta comparecer ao local. A visitação é gratuita.

Agradecimentos especiais a Pedro Ormeleze Neto pelo ótimo registro fotográfico (histórico e artístico)

De volta as origens, por Maria Waldete de Oliveira Cestari

No dia 2 de junho, eu, meu marido e mais quarenta e duas pessoas, quinze delas de Jaú, iniciamos uma viagem de volta às nossas origens, às nossas raízes italianas, em um tour por algumas cidades da Itália: Roma, Assis, Veneza e Trento. Nesta última ficamos por dez dias para conhecermos bem de perto a região de onde vieram os ascendentes da grande maioria dos viajantes. No grupo havia também descendentes de vênetos, como nós, e de outras províncias italianas e todos foram recebidos como se fizessem parte de uma só família trentina.
A Província Autônoma de Trento se encontra no extremo norte da Itália, no início dos Alpes, em meio às montanhas Dolomitas. Desde a Antiguidade é uma passagem estratégica nos Alpes e nela se encontram as culturas italiana e alemã e a influência germânica pode ser notada em muitos sobrenomes, usos e costumes. Ela é mais intensa na Província Autônoma de Bolzano, que junto com a de Trento formam a Região Autônoma Trentino-Alto Adige/Südtirol.
O Trentino tem origem gaulesa e sua capital, Trento, é uma cidade importante desde o período romano, quando se chamava Tridentum, e é um dos marcos da conquista romana da Gália Cisalpina. Foi palco de disputa entre Itália e Áustria e por isso a região enfrentou muitas guerras. De 1814 até o final da Primeira Guerra Mundial ficou sob o domínio Austro-Húngaro, período em que cresceu um movimento de italianidade e nacionalismo na região.
No final do século 19, por vários motivos, entre eles a crise no setor agrário, houve uma grande imigração de trentinos para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Calcula-se que vieram para cá trinta mil e hoje seus descendentes somam mais de três milhões, entre eles os Amancio, Angeli, Arlanch, Bauer, Bebber, Bernardi, Bertoldi, Cestari, Ciola, Coradi, Cirstofelitti, Dipietro, Ettore, Facchini, Ferraresi, Forti, Franceschi, Furlan, Gali, Giacomi, Girardelli, Laurentis, Leonardi, Lupo, Marchi, Mengon, Mosca, Mott, Negri, Orlandi, Pasqualini, Pedrini, Pegoretti, Pelegrini, Perini, Pompermayer, Pompeu, Pontalti, Recchia, Rossi, Sartori, Simioni, Spiller, Stenico, Tamanini, Trentino, Vendemiatti, Valentini, Vendrami, Zanoni, Zen, Zotelli, Zugliano.
O Trentino foi reincorporado à Itália em 10 de setembro de 1919, graças ao Tratado de Saint Germain-en-Laye. Aqueles que imigraram durante o domínio austro-húngaro eram considerados austríacos e por essa razão seus descendentes não tinham direito à cidadania italiana. Em 2000, o governo italiano concedeu o prazo de cinco anos, prorrogados por mais cinco, para que estes tivessem direito à cidadania e a requisitassem.
Nossa viagem teve muitos momentos emocionantes e desde o roteiro sugerido até apresentações especiais, ingressos a museus e tantas outras deferências foram proporcionadas pela Associazone Trentini nel Mondo, que nasceu em 1957 e é um instrumento de agregação para os imigrantes. Fomos recebidos pelo presidente Alberto Tafner, que prestou homenagem aos Circolos Trentini di Jaú, Piracicaba e Santa Olímpia; por Maurizio Tomasi, diretor da revista Trentini nel Mondo e por Débora e Laura, filhas de Rino Zandonai, que veio ao Brasil em 2009 como presidente da Associazone para fazer uma doação às vítimas das enchentes em Santa Catarina e morreu no acidente da Air France. Em vários momentos tivemos conosco a presença de Antonella Giordani (vereadora da cidade de Izera) e Martina Sartori, ambas do Servizio Emigrazione Provincia di Trento. Fazia parte de nosso grupo de viagem, Dr. José Eraldo Stenico, representante da Associazone Trentini nel Mondo no Brasil, Consultor da Provincia Autonoma di Trento para o Brasil Centro e Norte e presidente do Circolo Trentino de Piracicaba.
As belezas naturais dos vales, lagos, montes, vegetação; a paisagem montanhosa, os inúmeros castelos, as cidades medievais, o bom vinho, tudo isso somado à simpatia e simplicidade do povo faz do Trentino um lugar especial, mágico, esplendidamente belo e cativante.
Nos próximos textos contarei mais sobre detalhes da viagem e sobre essa região, principalmente sobre o seu profundo sentimento de preservação ambiental e patrimonial, a sua sincera e calorosa recepção aos descendentes dos imigrantes e dos emocionantes encontros que proporcionaram a eles, nas cidades de origem de seus antepassados.
Detalhes da viagem em http://amigosnaitalia2010.blogspot.com.

Publicado no Comércio do Jaú de 27-06-2010, quadro opinião

obs: belo resgate histórico Waldete, parabéns.

sábado, 22 de maio de 2010

História de Jaú através da Arte Cemiterial

Fotos do passeio realizado em agosto de 2009. Em junho, julho e agosto de 2010 faremos novos passeios, informem-se na secretaria de cultura.










Secretaria fará visitas guiadas no cemitério de Jaú


texto de Priscila Donato / foto de Tuca Melges (matéria publicada em 22/05/2010)

A partir de junho, a Secretaria de Cultura e Turismo de Jaú vai promover visitas guiadas ao cemitério municipal, destinadas tanto à população como a turistas. O passeio vai contar um pouco da história da cidade por meio de personagens ali sepultados e tratar da arte cemiterial. O objetivo da iniciativa é fomentar o turismo a partir da valorização e da preservação do patrimônio histórico, aliado a calendário de eventos fixos, explica o secretário da pasta e presidente do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município (Conppac), André Galvão de França.
O historiador Júlio César Polli será o guia das visitas. Ele conta que o passeio será gratuito e, num primeiro momento, terá duração de três meses, com a possibilidade de haver visitas noturnas durante o Julho Cultural. Iniciativas como essa são realizadas em cemitérios europeus e, aqui no Brasil, no Cemitério da Consolação, em São Paulo (veja arte).
Polli afirma que Jaú tem uma história rica, com personagens importantes, o que possibilita a realização de um passeio. “Só têm esse acervo cidades mais antigas, da importância de Jaú, Piracicaba, que se destacaram no ciclo do café, por exemplo.”
Polli conta que a visita percorre túmulos de personagens da história de Jaú, como João Ribeiro de Barros, e revela detalhes, como as tochas presentes na sepultura, que significam purificação. No jazigo de Antonio Pereira do Amaral Carvalho encontra-se uma coruja, símbolo da inteligência, e na capela art déco de José Veríssimo Romão, uma construção moderna – as capelas costumavam ter estilo gótico –, foram colocadas palmas, que simbolizam a ressurreição. O passeio também mostra, entre outras curiosidades e simbologias, o mármore de Carrara do túmulo de Tereza de Assis Bueno, as colunas do jazigo do Major Prado, símbolo da solidez social.
“Acredito que com esse tipo de iniciativa vamos embutir na população o potencial turístico que temos. Infelizmente, ainda não existe mentalidade de turismo em Jaú”, diz o historiador.

Matriz

Em 2007, Polli integrou projeto piloto para desenvolver passeios turísticos na Igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio. Ele conta que guiou várias escolas e grupos de terceira idade, mas turistas somente uma vez. “Hoje, fazemos as visitas quando são formados grupos. É uma pena porque a igreja é um atrativo turístico, um produto que Jaú precisa vender. Mas os próprios jauenses não conhecem a história da matriz”, comenta.
O secretário de Cultura lembra que o Plano de Turismo de Jaú fez levantamento que mostra que mais de 80% das pessoas que vêm à cidade têm o turismo histórico e cultural como objeto de interesse. “Temos de trabalhar esse potencial do patrimônio histórico”, diz.
O diretor do museu municipal, Guilherme Eduardo Almeida Prado de Castro Valente, conta que a preocupação com a preservação do patrimônio em Jaú data da década de 80, na administração do prefeito Alfeu Fabris. Valente diz que a cidade dispõe de meios para preservar, mas falta um projeto de educação, para que a população se aproprie do patrimônio histórico. “Mas isso vai ser feito. Um projeto das Secretarias de Cultura e de Educação, no segundo semestre, vai colocar no programa das crianças do 4º ano a educação patrimonial.”

(*) agradecimentos especiais ao Comércio do Jahu, jornalista Priscila Donato e ao fotografo Tuca Melges

sexta-feira, 21 de maio de 2010

1ª Semana de Patrimônio Histórico de Jahu


Tive a honra de abrir no dia 17 de maio de 2010 no Museu Municipal a 1ª Semana de Patrimônio Histórico de Jahu substituindo a Historiadora e Museóloga Juliana Alkimin que não pode participar por motivos particulares. Utilizando a mesma temática Patrimônio Cultural e Turismo apresentei para os presentes meu trabalho sobre Arte Cemiterial.

Arte Cemiterial, tumular ou funerária são termos usados para designar obras feitas para permanecerem em cima das sepulturas nos cemitérios e igrejas. É uma forma de representação que está ligada à cosmovisão de determinado contexto histórico, ideológico, social e econômico, interpretando a vida e a morte. Essa interpretação pode ser feita através de um conjunto de símbolos ou de uma obra narrativa. Em Jahu temos ambas narrativas no Cemitério Municipal Ana Paula de Rosa inaugurado em 1895.

O ideal de vida da elite jauense era a imitação dos hábitos europeus da arquitetura, moda, festas, convenções e também dos sepultamentos e ornamento dos túmulos. Acreditava-se que esse pensamento conferia à sociedade jauense o ar cosmopolita, moderno e intelectual esmeradamente almejado.

Assim, esses túmulos são mais que simples sepulturas, são parte integrantes do Patrimônio Cultural Jauense.

Cemitérios fazem parte do roteiro turístico em diversas regiões do mundo, como por exemplo, o Père-Lachaise, em Paris, na França, o Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina, e o da Consolação em São Paulo. Valorizando e exaltando a preservação desse imenso patrimônio público que ficaram conhecidos como "museus ao céu aberto" aproveitei a oportunidade para lançar oficialmente o passeio turístico que farei junto com a Secretaria de Cultura e Turismo nos meses de junho, julho e agosto.

Os passeios farão parte do Julho Cultural e nesta ocasião poderão ocorrer a noite.

Agendamentos podem ser feitos na Secretaria de Cultura e Turismo com o Milton pelo fone (14) 36 02 47 77.