quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Manoel Portes - uma lenda jauense

Uma lenda jahuense

Manoel Portes

(publicado na Revista Brasilitas, numero especial dedicado à zona de Jahu, janeiro de 1937)

Manuel Portes chegara ao Potunduva por voltas de 1830 em companhia de três camaradas, que trouxera de Araraitaguaba, atual Porto Feliz.
Conquanto já meio deslembrada a época das bandeira, o amor do imprevisto, aliado à cobiça, ainda incentivava os homens do tempo às incursões pelo mato bravio, na ânsia de ampliar os horizontes além da monotonia e pobreza dos vilarinhos do interior paulista.
Estabeleceu-se com sua trempe de empregados à beira do Tietê, alguns quilômetros além do Potunduva, nessa época em plena decadência pela escassez de monções que constituíram a razão de ser daquela colônia.
Armada a sua barraca, Portes ocupou-se a devastar o matagal, que a comprimia.
Certo dia saira, como de costume, para continuar uma picada na mata bravia, processo sumaríssimo com que pouco a pouco ia assinalando a posse das terras. O homem lutava contra um mar de florestas, “sem nenhuma ilha de campo nativo”, segundo refere um antigo cronista jauense, (1) quando lhe aconteceu tropeçar num cipó, que traiçoeiramente se insinuara por baixo de um tufo de salgueiro. Caiu de borco sobre o facão. Ao socorrê-lo, notaram os camaradas que o peito do amo brotava sangue aos golfos.
A ferida – não havia duvidar – era grave e naquele socavão de floresta, onde encontrar recursos? Ele teve o pressentimento de morte próxima e, uma vez estirado concentrou-se com toda a sua força mental, na figura do santo eclesiástico. Uma vaga intuição lhe assegurava,  que as ondas de pensamento com mais amplitude no moribundo, encontram ressonância numa alma receptiva. O monodeismo, pelo seu agente ódico, desperta o mágico no homem em vias de morte.
Fixou, pois, Manoel Portes o pensamento nesse favo de bondade, que era Frei Galvão. Um torpor visinho de consciência, sem sofrimento e sem ação, tomava o corpo do ferido.
Mas, a súbitas, com o vero assombro dos que o cercam ele se reanima.
E, com voz forte e impetuosa, ordena aos seus camaradas: - “Retirem-se, que me vou confessar, Frei Galvão esta diante de mim”.
Os homens obedeceram. E, consoante o precipitado cronista, um “enorme tufão” se formou misteriosamente frente à barraca.
Frei Galvão, no púlpito da Sé, em São Paulo, predicava sua palavra habitualmente fácil e fluente, a certa augura começa a falhar.
Gagueira, fala aos arrancos...
Mas a perturbação dura pouco. Interrompendo o sermão, exclama aos fieis: - “Ajoelhai e orai. Em longínquo sertão, um moribundo me chama. Esperai que eu volte”.
Ajoelhou-se no púlpito e durante cerca de quinze minutos pareceu dormir, com a cabeça perdida sobre o peito. Depois, levantou-se e continuou a prédica.
Ao voltarem, viram os camaradas de Manoel Portes, que da barraca saia um frade.
Entraram. Uma caixa de roupa, que ficara aos pés do enfermo, achava-se ao lado da cabeça do moribundo.
Ainda uma frase vaga tremeu nos lábios do sertanista e o seu semblante se entesou na rigidez da morte.
Tal é a lenda, relembrada até 1900 por uma velha taboleta pregada em uma cruz, que existiu no Potunduva, e que talvez já se tenha apagado da memória dos jauenses de hoje.

(1)    – Sebastião Teixeira – O Jahú em 1900.

Jaú de ontem e de hoje (1937) por Alberto Gomes Barbosa


Jahu de ontem e de hoje. – Alberto Gomes Barbosa

Extraído da Revista Brasilitas, janeiro de 1937, página 17 – Arquivo do Museu Municipal de Jahu

(...)
O Jahu até 1853, não tinha denominação especial, pois era sertão pertencente ao distrito de Brotas, comarca de Mogi Mirim, mas tarde de Rio Claro e finalmente Araraquara, se bem que nestas terras desde 1837 já aqui residiam vários sitiantes. Alguns destes, em dia do mês de maio daquele ano, segundo informações do velho português Gaspar Felix Vianna de Barcellos, que aqui residia desde 1856, reuniram-se em casa de Lucio de Arruda Leme, com o fim de fundar uma povoação, pois a localidade mais próxima era a de Brotas, a distância de 10 léguas, por péssimos e ínvios caminhos, através da mata virgem.
Ali, depois de vários alvitres, foi colhido o local para a nova povoação onde hoje se acha à margem esquerda do rio Jahu, (já assim denominado há muitos anos), na confluência do córrego da Figueira com aquele rio. Sendo escolhida uma comissão composta dos senhores Bento Manoel de Moraes Navarro, tenente Manoel Joaquim Lopes,  capitão José Ribeiro de Camargo e Francisco Gomes Botão, para tratarem do assunto. Escolhido o local, dois membros da comissão senhores tenente Lopes e Gomes Botão ofereceram 40 alqueires de terra para o patrimônio da igreja que se instituísse. Para a escolha da padroeira muito concorreu Bento Manoel que indicou Nossa Senhora do Patrocínio, oferecendo a respectiva imagem que mandou esculturar em Itú, de onde veio com bastantes dificuldades em “bangue”, espécie de liteira.
Logo depois de escolhido o local, a comissão tratou de edificar uma igrejinha e construir o cemitério. Com não tinha outro material fácil, essa construção foi feita com achas de jeribá com a cobertura de folha da mesma palmeira. O cemitério foi cercado com achas de jeribá. Para isso, foram roçadas na mata virgem duas clareira, uma onde se vê a magnífica matriz e outra onde esta edificado o grupo escolar Major Prado.
Não há noticia escrita da data exata em que foi celebrada nessa humilde igrejinha, a primeira missa, sabe-se sim, que ela foi dita pelo vigário de Brotas padre Francisco de Paula Camargo, no ano da fundação.
O nome de “Jahu” é oriundo do rio. Este teve essa denominação dada pelos bandeirantes, que, em moções, partindo de Porto Feliz para Cuiabá, pelo rio Tietê, pernoitaram na foz do nosso rio, e ali foi pescado um grande “jahu”, bem conhecido peixe de água doce e de couro, da família dos “piracombucas” ou “pintados”, ficando esse lugar conhecido como a denominação de Barra do Ribeirão  Jahu nome que se estendeu a todo esse curso d’água. (...)

Ai pelo ano de 1816 fundou-se uma colônia onde é o bairro das Araras, hoje distrito de Potunduva, durou pouco, pois em 1820 já não existia, tendo os moradores se mudado para Piracicaba que era a povoação mais próxima. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A saga da ocupação territorial de Jaú

A Colônia do Potunduva – Mario Pahim

Publicado no revista Brasilitas, janeiro de 1937, pag. 23 – Acervo Museu Municipal de Jahu.

(...)
Galgando a Serra de Brotas
Em 1835, mais de dez anos depois de abandonada a colônia do Potunduva, moradores da capela de Brotas abalaram de seus campos nativos, no rasto dos silvícolas que, no tempo do milho, desciam do planalto a depredar-lhes as roças. A testa da expedição que se aventurava; Dutra, Velloso e Joaquim Piranha, destemerosos e adequados instrumentos para a jornada de perigo e de desbravamento que se propunham levar a cabo. Aprovisionadas as mochilas de paçoca de carne de vaca, sal, farinha de milho; munidos de facões de cabo de chifre batidos na tenda do ferreiro da terra; armados de fuzis de pederneiras, bem municiados; com o animo resoluto de paulistas acostumados às batidas nos sertões, cerca de trinta homens se insinuaram pelos tomabarores da serra de Brotas, galgando-a, com dificuldade, pelo carreiro dos índios.  O obstáculo para gente daquele tempo formidável, eriçado de mataria fechada, misterioso e sombrio, ameaçador e bruta, empinava-se lhes diante cortando-lhes as passadas. Não obstante, molestados embora pela carga que levavam as costas, resvalando nos íngremes pendores, ajudando-se com as mãos e os braços chegaram às abas do planalto. E este foi o penoso labor do primeiro dia. Meia jornada mais os levou as cabeceiras do rio Jahu, nas proximidades da estação de Taboleiro. A caída do solo, no rumo direto que levavam, os advertiu logo depois que se encontravam já nas contra vertentes das águas que se despenhavam nos campos de onde vinham.
Precavidos, cautelosos, internaram-se na selva densa, acompanhando entre tropeços mesquinhos cá em baixo, o caminho desanuviado e glorioso do sol no céu traçado, indo pela rude picada que vinte facões afiados abriam na espessura da selva. Precediam-nos, a distancia de não ouvirem a bulha dos ferros talhando e retalhando, Dutra e Velloso, animosos guarda - avançados da coluna. De permeio, escalonavam-se o guia Xavier e Piranha, elementos indispensáveis de ligação. Desciam, seguindo o curso de águas desconhecidas e atentavam para a vestimenta das terras que se ia aos poucos modificando e melhorando. Vestígios mais amiudados da presença dos índios revelavam-se nas armadilhas de cipó imbê e nos fojos que encontravam nos troncos furados com instrumentos de pedra de onde tinham sido retirados os favos dulcíssimos da mandaçaia ou jataí, manduri ou tubuna. Pressentidos pelos índios, que haviam entrevisto em pequeno número, mais cuidados se tornaram com receio das tocais e surpresas de tão astuto inimigo. Não tardou muito que um dos batedores, caminhado pelo carreiro, ferisse o pé de onde os companheiros arrancaram um estrepe de guauvira. O guia lhes explicou, então, que era traça de coroados afiarem pequenas lascas, de guarantan quase sempre, plantando-as nos carreiros com as pontas viradas para cima, dissimuladas em pequenas moitas de folhas secas. Podiam assim os perseguidores receber ferimentos no calcanhar ou na planta dos pés, sem desaire. Mas, fácil tarefa era defender-se de tais insidias: quando vissem moitinhas suspeitas de folhas secas arrumadas de fresco, como que javevô, era só adiantarem o pé de raspão, de modo a deitar o estrepe por terra. Nada de assentar o pé levantado nos perigosos montículos.  – Disse e botou-se a campear um palmitiquira, cujo sumo espremeu no ferimento do companheiro.
As terras apuravam-se sempre mais, a medida que avançavam e que o volume da corrente que seguiam se engrossava. A margem dos córregos, nos solos humosos e frescos, entre os fetos arborescentes, subia, aqui e alem o estípite esguio do palmito branco cujas palmas elegantíssimas e airosas não se confundem com a arrepiada e descabelada coma dos encontradiços coqueiros e dos verdes jeribás, cujo caule direito, freqüentemente, na caótica confusão das linhas obliquas, angulosas ou sinuosas da floresta, dava, prumo aos quadros naturais substituindo a horizontal afogada nas moitas.
A noite, nos pousos atormentavam-nos muriçocas, ratos, biriguis e o sono sobressaltado que dormiam era freqüentemente interrompido pelos miados das pintadas rondando o acampamento, contidas apenas pelo clarão das fogueiras a miúde atiçadas.
E, cedo, reencetavam nova jornada, sem dar um tiro poupando munição para a hora decisiva do iminente combate com os índios, cujos domínios varejavam corajosamente.
Assim se adiantaram lentamente, até que toparam certa tarde, com as malocas dos gentios.
Instruídos pelo guia, senhor cada qual do papel que lhe cabia representar naquela grave conjuntura, escondidos de rojo nas moitas espinhosas do rupiá, aguardaram a madrugada para cair de surpresa sobre a taba, como era de regra, postando-se os atacantes na entrada das malocas e dando grandes brados. Os índios precipitavam-se, então, para o exterior, sendo mortos ou golpeados pelos que estavam de emboscada.
Naquela noite, porem, a previsão do acautelado guia, não se realizou. Os coroados dançaram a noite toda, alumiados pelo clarão das fogueiras, em constantes libações de mel azedo que serviam em pequenos cochos de jacaratiá. O cacique, reconhecível pelo vigoroso desempenho e atitudes decididas que assumia, pelo variegado cocar ostentando as penas da araúna ou gavião, motum ou Canindé que lhe cingia a fronte e alteava a estatura, estimulou-lhes a vigília. Quando a friagem da madrugada trespassou os invasores amoitados, um deles não se pode conter e tossiu. Este pequeno incidente provocou o pânico entre os selvagens, em cujo vozerio a palavra “anhanguera” tinha soado muitas vezes, e fe-los abalarem em rápida fuga acossados pelos brancos que os encalçavam, disparando as armas. Ou fosse que, na confusão, os tiros se tivessem perdido ou que os índios, na fuga precipitada houvessem carregado, como costumam, os cadáveres e feridos da sua grei – o certo é que nenhum silvícola morto ou vivo, foi apanhado.
Ao fim do segundo dia que seguiu este acontecimento, acamparam os brotenses na barra do Pouso Alegre a que Onça, porque duas pintadas com cria rugiram toda a noite, cercando o pouso. Cruzaram, depois, a barra do ribeirão das Palmeiras, atual divisa com Bariri e  no oitavo dia, chegaram a foz do Jahu, permanecendo alguns dias na margem direita do Tietê, caçando e pescando para refazerem as desbaratadas provisões de boca e darem aos membros fatigados o necessário descanso.
 Os invasores tinham nessa expedição atravessado de sudeste a noroeste o território hoje ocupado pelos municípios de Torrinha, Dois Córregos, Jahu e Bica de Pedra, impondo as marcas da sua conquista as terras que desvendavam. “Havia, então a lei da posse (diz um obscuro cronista que me transmitiu estes dados), segundo a qual, quem encontrava um córrego ou mesmo um ribeirão fazia um pequeno cultivado na barra e ficava dono de todas as vertentes daquela água”.
Francisco Mira tomou posse dos Dois Córregos; Manuel Joaquim Lopes da bacia do ribeirão São João; Dutra, ao que parece, o leão do bando, assenhorou-se de todas as vertentes do Jahu compreendendo as grandes e antigas fazendas “Pouso Alegre de Baixo”, “Pouso Alegre de Cima” e “Santo Antonio” que inclui no seu perímetro o território em que assenta a cidade de Jahu; Piranha e Velloso instalaram-se na confluência do rio Jahu com o Tietê.


(Excertos do discurso proferido pelo Dr. Mario Gomes Pahim, na inauguração do edifício do Forum de Jahu em 1934).

Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula de Jaú - alguns significados da sua Arte Cemiterial

Por Julio Cesar Polli - graduando em História, Diretor do Museu Municipal José Raphael Toscano.

Quando falamos sobre Cemitérios é bem comum que as pessoas digam "credo". Geralmente não é um ponto de encontro favorito e agradável para as pessoas. O que não se pode negar no entanto é o fato do Cemitério ser um lugar curioso. Não é raro em enterros nos depararmos com as pessoas parando e lendo um epitáfio aqui, lendo outro ali, vendo uma foto, enfim, os túmulos as atraem. Portanto Cemitério é um lugar de cheio de Histórias, várias delas, principalmente sobre a vida  e a morte das pessoas que agora ali descansam.
Obedecendo a lei de seu tempo e influenciados pelos gostos e costumes europeus, a rica sociedade jauense investia fortunas nos adornos de seus túmulos e jazigos entre o fim do século XIX até a primeira metade do século XX.  Então, alem das Histórias temos no Cemitério a manifestação artística que interpreta a vida e a morte.
Neste período a manifestação artística se dava através da Arte Cemiterial. O estudo da Arte Cemiterial nos possibilita entender determinado contexto histórico, ideológico, social e econômico. Ela interpreta a vida e a morte das pessoas e posse ser de forma simbólica ou narrativa.
Nesta pequena pesquisa estaremos demonstrando e explicando os símbolos mais utilizados na Arte Cemiterial do Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula em Jaú (SP)


O Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula, Jaú (SP) - Brasil 

 
 O Cemitério Municipal Ana Rosa de Paula, foi inaugurado no dia 16 de outubro de 1894, sendo o primeiro sepultamento o de uma criança espanhola de 9 meses de nome Pedro Rosa. Antes esta área pertencia a Fazenda Óleo. Foi adquirida pelo município e em 1893 o agrimensor português Antonio Ferreira Garcia de Andrade Junior fez a planta. Executaram os trabalhos os italianos José Casseli e Berti Jacopo.
A área original começava nas atuais quadras G, B, H, C, I, D, P e E.  Nos anos 30 foram abertas as quadras F e A. A parte nobre no inicio são as quadras B, C, D e E, denominada "Área Especial". E a "Área Comum", destinada a sepultamentos de pessoas que não tinham dinheiro para adquirirem um terreno no Cemitério começava nas atuais quadras G, H, I e P e era rotativo.




 Anjo que indica -  apontam a direção

Coluna Quebrada - o que muitos supõem ser fruto de vandalismo mostra que ali jaz o último membro de uma família tradicional. (*) Também significa a morte de pessoas jovens ou de crianças (ver mais abaixo)



Guirlanda - Significa homenagem.

Patas do Felino - Comum no túmulo de patriarcas, lembra que eles eram responsáveis pelo sustento do seu clã (*)


Ancora - É símbolo da salvação, da esperança e da estabilidade.


M.M - do latim Memento Mori, lembre-se que irá morrer.




Ceifadeira - A arma utilizada pelo ceifador (a morte), um dos 4 cavalheiros do apocalipse na "colheita das almas".

Cruz - A fé cristã.

Livro da Vida ou Bíblia - Representa a fé, a aprendizagem e a memória.


Ampulheta alada- Símbolo da transitoriedade da vida,  o tempo que voa. Possibilita a reversão, ou seja, o recomeçar em outro plano.

Fogaréu - Simboliza o elemento fogo, por imitação da luz e calor do sol, destruição das forças do mal pela purificação.
Urna - Local onde os gregos depositavam as cinzas dos seus mortos. O pano sobre a urna simboliza o luto.

Tocha - A tocha identifica-se com o Sol e constitui o símbolo da purificação através da iluminação.


Tocha invertida - Também simboliza uma vida que partiu cedo. A morte é vista como uma inversão ao sentido normal da vida pois a pessoa partiu com a "chama da vida ainda acesa" .

Coluna quebrada - Símbolo da vida que se quebrou. Em geral são encontrados em túmulos de crianças ou jovens.
Coluna - Símbolo da estabilidade, solidez pessoal, social. Na foto, o túmulo de Torello Dinucci, o imigrante italiano que construiu a torre da Matriz N. Sª do Patrocínio em 1905. Duas colunas também significam passagem, ou seja, a passagem deste mundo para outro.


Ramos de Palma - Simboliza  a ressurreição de Cristo.

XP - (Qui, Rô) Iniciais em grêgo do nome Cristo (CR).


Alegoria de anjo inconsolado ao lado de uma coluna quebrada (simbolo da morte prematura) segura em suas mãos um ramo de palma. (crença na ressurreição)






Biografia:

CIRLOT, Juan Eduardo. Dicionário de Símbolos, Publicações Dom Quixote, 2000
CHEVALIER, Jean. Dicionário dos Símbolos, Teorema, 1994.
CYMBALISTA. Renato. Cidade dos Vivos. Annablume, 2002.
TRESIDDER, Jack. Os símbolos e o seu significado. Círculo de Leitores, 2000
VALADARES. Clarival do Prado. Arte e Sociedade nos cemitérios brasileiros.D. I. Nacional, 1972 

Sites consultados:

Site da Câmara Municipal do Porto - Portugal (2010)

Fotos: Julio Cesar Polli - Jaú (SP) Brasil, 2008/2009

(*) Super Interessante. Códigos do além. Janeiro de 2010, nº 274 página 46-47.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Educação Patrimonial de Jahu - descrição arquitetônica e história de alguns bens culturais da cidade de 159 anos.





1 – Casa do Major Prado – Rua Major Prado, 564

- Arquitetura
É uma casa muito importante para o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade. Seu estilo é eclético, com forte influência neoclássica.  

Sua distribuição no lote é tradicional – a velha casa com porta central que dá para a rua e distribui a dois cômodos principais. Na fachada, chama a atenção os frisos com características do neoclassicismo, e as janelas que tem motivos nos vidros desenhos tipicamente “art noveau”, com excesso de cursas. A casa mantém apenas a fachada preservada seu fundo foi inteiramente reformado abrigando hoje a Casa Paroquial da Matriz Nossa Senhora do Patrocínio.


2 – Casa de Constantino Fraga – Rua Campos Salles, 183

- Arquitetura
Uma construção muito rara, das mais antigas mantidas na cidade. No Museu Municipal há uma foto de 1888 onde ela já aparece imponente, com sua influência européia. Embora dentro do ecletismo é uma edificação tipicamente de países alpinos – um chalezinho com telhado muito inclinado. Casas como essa podem ser encontradas ainda no Rio de Janeiro, mas são raras. Atualmente o prédio encontra-se sem utilização. 



3 – Casa de Edgard Ferraz – Rua Edgard Ferraz, 547

- Arquitetura
Construção de arquitetura eclética de predominância neoclássica, construída na primeira década do século XX. Na janela central existe uma pequena sacada onde é possível observar dois suportes para mastros de bandeiras.



4 – Casa de Osório Ribeiro de Barros Neves – Rua Edgard Ferraz, 579

- Arquitetura
O casarão sofreu algumas alterações durante sua existência, sendo substituído o alpendre de ferro e vidro  pela atual de cimento. Como quase todas as casas do centro histórico é uma construção de arquitetura eclética do início do século XX.


5 – Antiga agência do Banco do Brasil – Rua Amaral Gurgel, 387

- Arquitetura
Seu estilo é clássico, com influência neoclássica. Originalmente possuía um “torreão” – espécie de torre ou cúpula no alto do edifício – utilizado para destacar os prédios de esquina. Ressalta-se ainda como riquezas do prédio as colunas em capitel compósito, um arremate heterogêneo que mistura o jônico e o coríntio – tem as colunas embebidas em parede e a bossagem imitando pedra em sua parte inferior. É um prédio com decoração contida, muito aristocrática.



6 – Jahu Clube – Rua Amaral Gurgel, 298

- Arquitetura
O prédio que destaca-se pela sua imponência traz o estilo neoclássico com forte influência inglesa.
 A influência européia da construção pode ser constatada pela localização do prédio, na esquina, e pelas “mansardas” – o último andar de uma edificação, formado pela inclinação inferior do telhado. São as janelinhas que se pode observar no alto do edifício, típicas de países frios, onde os telhados são muito inclinados, e sua parte superior, na Europa, era usada como local de moradia dos empregados. A decoração entre as janelas e os frontões triangulares sobre elas lembram muito o neoclássico. 



7- Coreto da Praça da República, centro

- Arquitetura/História – por Ricardo Dal’bó
Jardim de Baixo, como ficou popularmente conhecida a Praça da República, pelo fato de haver a Praça Siqueira Campos acima, o Jardim de Cima. Originalmente projetada em 24 de dezembro de 1910 pelo engenheiro paulistano José Ribeiro da Silva, fez parte das obras de saneamento e criação do novo código de posturas para as construções, implantados pelo então prefeito municipal, Constantino Fraga.
A praça da República segue em suas formas o modelo de jardim francês, seu desenho remete a forma de um peixe, fazendo referência ao Jahu, tem coreto central, alamedas ladrilhadas e ladeadas com bordas de tijolos que conduzem as águas para um bem elaborado sistema de galerias pluviais, há um repuxo em forma de flor com jardineiras ao redor e várias espécies de árvores e plantas ornamentais. E é a única da cidade que mantém o traçado, elementos estéticos e materiais empregados na construção ainda originais, sendo que com o decorrer dos anos poucas e pontuais intervenções ocorreram e não chegam a ofuscar sua “grandiosidade singela”.


8 – Grupo Escolar Pádua Salles

A escola inaugurada em 1902 é a primeira escola pública de Jahu. Teve como engenheiro arquiteto responsável Euclides da Cunha.


(OBS: as descrições arquitetônicas dos edifícios foram feitas por Juliano Ghigardello / Matéria em construção)  




segunda-feira, 23 de abril de 2012

Festa de São Frei Galvão em Jahu - 06 de maio de 2012

Santo Antônio de Sant'Ana Galvão - São Frei Galvão (1739 - 1822) 
Festa Tradicional do Santo Frei Galvão de Jahu
Data: 06 de maio de 2012 (domingo)
Local : Santuário Santo Frei Galvão (Condomínio Parque Frei Galvão)

Programação

7h - Procissão com saída do cemitério de Potunduva

9h - Grande inauguração do turismo Náutico/Religioso
        Solenidade
        Banda Carlos Gomes - Talentos em Movimento
        Apresentação do Navio Turístico

10h - Missa Campal

Atrações:

Praça de alimentação (churrasco, lanches, macarrão, pasteis, doces, chopp)
Shows sertanejos
Apresentação Off Road (Equipe Trilheiros de Jahu)

Realização
Prefeitura Municipal de Jahu
Secretaria de Cultura e Turismo
Condomínio Parque Frei Galvão


Histórias...

Ainda hoje é possível verificar nas rodovias as chamadas capelinhas ou santa cruzes, locais que marcam  acidentes com vítimas fatais, seja por automóveis ou atropelados. Nas zonas rurais é possível verificar as mesmas capelas, antigas e  maiores, locais que marcam também a ocorrência de algo  trágico,  muitos destes tocaias e acidentes com cobras e outros animais.
Uma certa Santa Cruz a beira do Rio Tietê em Potunduva ostenta além de uma tragédia uma lenda que a tornou alvo de peregrinações até os dias atuais. As peregrinações a este local fez com que os fiéis erguessem uma capela dedicada ao Frei Galvão. Das peregrinações nasceu a tradicional Festa de Frei Galvão realizada no primeiro domingo de maio no Santuário onde são distribuídas as famosas pílulas de Frei Galvão. Registrada  em 1901 pelo memorialista jauense Sebastião Teixeira a narrativa da morte de Manoel Portes marca o início desta História onde Frei Galvão realizara seu primeiro milagre, a bilocação. A canonização ocorrida em 08 de abril de 1997 pelo Papa João Paulo II  transformou Frei Galvão no primeiro santo brasileiro atraindo deste então maiores públicos ao Santuário, principalmente para a grande festa ocorrida no primeiro domingo de maio. Fieis e turistas celebram a  festa no santuário construído próximo da capela antiga – encoberta nos anos 60 pelas barragens do rio Tietê.  


Gravura que consta no livro "O Jahú em 1900"

Assim nos narra Sebastião Teixeira em seu livro "O Jahú em 1900" sobre a lenda de Manoel Portes:

"Sobre o misterioso fato de que esta lacônica inscrição nos dá notícia à tradição refere a seguinte lenda:
Manoel Portes, tendo desastradamente recebido profundo golpe de faca, quando com esta picava o mato, recolhera-se a barraca que armara e alguns passos do rio Tiete, sofrendo grande hemorragia. 
Sentindo a aproximação da morte manifestara ardente desejo de se confessar com Frei Antonio Galvão, virtuoso ministro de Cristo, que achava-se em São Paulo, afim de receber o perdão e tranquilamente entregar a alma a Deus. Momentos depois enorme tufão se forma e Manoel Portes sente o seu espírito comunicar-se ao de Frei Galvão.
- Retirem-se que vou confessar-me, disse aos seus companheiros: Frei Galvão esta diante de mim!
(...)
Acrescenta a lenda que no momento em que o espírito de Frei Galvão fora invocado estava ele predicando a numeroso e fiel auditório na Sé de São Paulo e que interrompendo-se bruscamente dissera que um moribundo o chamava em longínquo e ínvio sertão para consigo confessar-se e ele ia; que os seus ouvintes o esperassem por alguns momentos e orassem pelo moribundo. Ajoelhara-se em seguida e com a cabeça pendida ao peito parecia dormir. Passados alguns minutos retomara a sua posição de orador, comunicara ao auditório que havia cumprido sua missão e continuara a predicação..."


Versões mais recentes (José Fernandes em Vultos e Fatos da História de Jahu, 1953) e os que pesquisaram nele relatam que Manoel Portes era monçoeiro e fora ferido gravemente por um de seus serviçais revoltado com uma ordem brusca que lhe dera. Golpeado é acudido pelos seus companheiros enquanto que o assassino foge. Neste momento agonizante chama por Frei Galvão, que lhe era conhecido de Guaratinguetá, para que este viesse em seu socorro escutando-lhe a última confissão.

Assim relata José Braga (História de Jahu, p.7)

“No exatao momento em que é chamado, Frei Galvão pregava a um grupo de fiéis na cidade de Itu. De repente, ele intenrrompe seu sermão e fala: “Alguém em um lugar distante necessita de meu socorro espiritual e clama pela minha presença. Rezem pela salvação de sua alma”. Após falar isso, permaneceu alguns minutos ajoelhado. Ao mesmo tempo, surgiu no meio da mata, em Potunduva, a figura de um franciscano, na qual reconheceram Frei Galvão. Diriguiu-se  até onde Portes estava e amparou sua cabeça em seu colo. Logo em seguida, Frei Galvão desaparece dentro da mata anes de Manoel Portes morrer. Em Itu, no mesmo momento, Frei Galvão ajoelhado quebra o silêncio e afirma: “Já cumpri minha missão”. E prosseguiu seu sernão exatamente onde tinha parado".

Antiga Capela (2ª Construção de 1948 submersa nos anos 60 pelas comportas do Rio Tietê


Como que se chama esse negócio de estar ao mesmo tempo em dois lugares? Bilocação!

Bilocação


segundo o site da Canção Nova...


"Pelo que consta, o fato ocorreu por volta de 1810, às margens do rio Tietê, no distrito de Potunduva (Airosa Galvão) municipio de Jaú, próximo à Pederneiras e Bauru. Manuel Portes, capataz de uma expedição de vinha de Cuiabá, homem de temperamento instável, castigou severamente o caboclo Apolinário por indisciplina. Ao notar o capataz distraído, o caboclo, por vingança, o atacou pelas costas com um enorme facão, e fugiu. 

Sentindo que a vida abandonava-lhe o corpo, Manuel Portes, no auge de desespero pôs-se a gritar: “Meu Deus, eu morro sem confissão! Senhor Santo Antônio, pedi por mim! Dai-me confessor! Vinde, Frei Galvão, assistir-me! Eis que então alguém gritou, avisando que um frade se aproximava, e todos identificaram Frei Galvão. Assim contaram as testemunhas: “aproximou-se o querido sacerdote, afastou com um gesto dos espectadores da trágica cena, abaixou-se, sentou-se, pôs a cabeça de Portes sobre o colo e falou-lhe em voz baixa, encostando-lhe depois o ouvido aos lábios. 

Ficou assim alguns instantes, findo os quais abençoou o expirante. Levantou-se, então, fez um gesto de adeus e afastou-se de modo tão misterioso quanto aparecera”. Afirma-se que naquele instante Frei Galvão encontrava-se em São Paulo, pregando. Interrompeu-se, pediu uma Ave-Maria por um morimbundo e, acabada a oração, prosseguiu a pregação" 


(Fonte: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=243712)


Antônio de Sant'Anna Galvão, o Frei Galvão é padroeiro dos arquitetos e dos engenheiros 

sexta-feira, 30 de março de 2012

Cemitério de Jahu e sua Arte Cemiterial por Julio Polli - março/2012

Cemitério de Jahu - inaugurado em outubro de 1894.


Dia 27 fui ao Cemitério e fiz um ensaio para futuro material didático. O resultado é este vídeo tendo como fundo musical a Marcha Fúnebre de Bach.