Publicada pela primeira vez em 29 de março de 2009. O Patrimônio Histórico de Jaú ainda ameaçado pela falta de vagas para enterros recentes.
Um descaso com a memória coletiva de Jaú.
Imagens gravadas em 26 de junho de 2010, antes do jogo Brasil x Portugal pela Copa do Mundo
Este túmulo destruído...


Na arquitetura tumular representam-se os hábitos das famílias que tratam de suas capelas e túmulos como se fossem prolongamentos de suas próprias casas, levando para os jazigos os mesmos arranjos decorativos que o seu nível cultural e social lhes permite refletir.
O ideal de vida da elite brasileira neste contexto histórico era a imitação dos hábitos europeus da arquitetura, moda, festas, convenções e também dos sepultamentos e ornamento dos túmulos. Acreditava-se que esse pensamento conferia à sociedade jauense o ar cosmopolita, moderno e intelectual esmeradamente almejado. Os cemitérios, também possuem uma simbologia toda própria que é de conformidade com o contexto histórico da época.
Em Jaú, dona de um dos poucos acervos de arte cemiterial do Estado de São Paulo, a preocupação com o patrimônio cultural segue o ritmo destrutivo em que parou a administração anterior quando a questão é o Cemitério Municipal.
Visitando a parte mais antiga neste último sábado, constatei que foram destruídos alguns túmulos antigos e que outros tantos foram marcados com um "x", aguardavam o mesmo fim. Nestes túmulos marcados encontram-se sepultados imigrantes italianos e espanhóis, e também pessoas pertencentes a importantes famílias jauenses do passado.
O que estão esperando para construir um novo cemitério?
Do Jornal da Cidade - Bauru em 07/11/2008
Cemitério de Jaú vai ganhar mais espaço
Com capacidade esgotada, prefeitura muda IML e retoma antigos túmulos de famílias que não têm mais descendentes
Rita de Cássia Cornélio
O único cemitério municipal de Jaú (47 quilômetros de Bauru) vai ganhar mais espaço com a mudança do IML (Instituto Médico Legal) e com a retomada de alguns jazigos de famílias que não têm mais descendentes. O cemitério Ana Rosa de Paula está com sua capacidade esgotada desde 2003, ano em que foi adotada a venda consignada. Só se vende um túmulo quando há o defunto. A compra sem o morto, não é aceita. Essa estratégia visa conter as vendas antecipadas de jazigo e manter o atual cemitério até que um novo seja construído. A prefeitura ainda não tem previsão de construção. Segundo o diretor do departamento de Fiscalização e Postura da Prefeitura de Jaú, João Fernandes Coelho da Silva a retirada do IML do terreno do cemitério somada a retomada dos jazigos vão permitir que o cemitério continue ainda recebendo sepultamentos em mais dois anos e meio, se a média de mortes continuar no mesmo ritmo. “Por ano morrem 850 jauenses. Cerca de 80% deles já têm jazigos no cemitério. Aproximadamente 20% da população ainda carecem do espaço para a sepultura. São moradores que chegaram para trabalhar na lavoura de cana, especialmente os mineiros e nortistas. Essa população não se enquadra na faixa etária que mais morre; na maioria são jovens.” A ocupação de ruas antigas proporcionou a abertura de 98 novas vagas que, somadas as que serão abertas no espaço ocupado pelo IML, chegarão a 150. “Hoje temos cerca de 10 mil túmulos, entre simples, capela e jazigos.” Coelho disse que a retomada de túmulos de famílias que não têm mais descendentes no município foi uma decisão da prefeitura. “Foi publicado um decreto determinando um prazo para que essas famílias se manifestassem. Venceu o prazo e ninguém se manifestou. São túmulos de mais de 100 anos”, disse.
Ação pede construção
Em julho deste ano, o Ministério Público do Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo entrou na Justiça com ação civil pública para garantir os direitos da população na compra de jazigo no cemitério de Jaú. Embasados em leis federais e estaduais, os promotores de Justiça Jorge Marques de Oliveira e Celso Élio Vannuzini pedem na Justiça prazo de 10 meses para a prefeitura construir um novo cemitério. Caso a nova necrópole não esteja construída nesse prazo, o MP pede uma multa mensal correspondente a R$ 50 mil. Segundo o promotor de Justiça Celso Élio Vannuzini, a ação foi contestada pela prefeitura e deve ser julgada nos próximos dias.